09/04/2024 05:52 |
Preços menores: Feijão no atacado do PR já caiu quase que pela metade com expansão de área do grão sobre milho 2ª safra
Deral aponta que 92% das lavouras de feijão no estado têm boas condições, mas Brandalizze alerta para atenção com qualidade diante do cenário climático nos próximos dias

A área da segunda safra de feijão, a principal no Paraná, deve totalizar quase 400 mil hectares neste ciclo 2023/24, segundo a última estimativa do Departamento de Economia Rural (Deral) do estado em março. O número é 13% superior ao que se projetava em fevereiro (348 mil ha) e supera em 33% a área semeada no mesmo período do ano anterior (295 mil ha), estabelecendo um novo recorde no estado.

"Este aumento consolida ainda mais a preferência do plantio no verão em detrimento do plantio na primavera, quando agronomicamente a planta teria condições de responder melhor, mas acaba preterida pela soja", afirma Carlos Hugo Winckler Godinho, engenheiro agrônomo do Deral.

A produção no estado é esperada em 777,20 mil toneladas, com alta de 62% ante 2022/23. O Paraná planta praticamente metade da safra de feijão preto e a outra do tipo carioca. Com a colheita já em andamento, a produtividade é estimada em 1.986 kg/ha. "Agora, o feijão está no campo, as colheitas estão começando e nas próximas semanas vamos ter muito feijão", afirma Vlamir Brandalizze, analista da Brandalizze Consulting.

Diante desse cenário, o preço do produto no atacado já tem recuado nos últimos meses nas praças brasileiras, caindo quase que pela metade ante o pico de quase R$ 400 por saca de 60 kg neste ano para alguns tipos. "A cotação do milho está baixa nesta safra e os produtores optaram por outros cultivos e o feijão foi uma aposta. Com isso, vemos o preço se acomodando", afirma o analista de mercado.

A queda do preço do feijão, segundo o analista, se intensificou neste início de abril com a abertura dos trabalhos de colheita no estado, além de uma demanda reprimida por um dos produtos mais consumidos na mesa dos brasileiros. Nesta quinta-feira (04), o preço do feijão no atacado, média PR, atingiu R$ 205,80 por saca para o tipo carioca 1 e o feijão preto tipo 1 chegou a R$ 204,47 por saca.

"Em março, foram registradas negociações perto de R$ 400 a saca ou até acima disso para feijão nobre em áreas do estado do Paraná e agora as cotações estão entre R$ 180 a 230 por saca. Essa é uma faixa média", explica Brandalizze.

O presidente do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (IBRAFE), Marcelo Lüders, explica que os preços têm recuado antes mesmo de entrar maior mercadoria com a expectativa de maior produção, mas também com dados da safra do estado de Minas Gerais. "Tivemos problemas de qualidade naquele estado  com a variedade  carioca. Já no Paraná, os volumes na semana que vem vão aumentar, mas não dá pra esperar grandes baixas nos preços pois os preços já estão nivelados com o custo daqueles produtores", detalha o especialista.

Para Lüders, o tipo carioca deve se manter em cerca de R$ 200 por saca, em média, nesta safra 2023/24. Já o preto, por sua vez, que tende a ter parcela de produção de até 70% no mix do Paraná neste ciclo, está valorizado e tem potencial de baixas mais expressivas à frente.

O Deral aponta que 92% das lavouras de feijão no estado têm boas condições, mas Brandalizze alerta para atenção ao cenário climático nos próximos dias. "Para se confirmar essa boa safra esperada, será importante monitorarmos as próximas 4 a 5 semanas, porque pode-se perder parte da produtividade na qualidade. O ideal é não chover", destaca o analista de mercado sobre o avanço da colheita.



Fonte: Notícias Agrícolas
Foto: CNA
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