Estudo da Embrapa aponta perda de nascentes e assoreamento de rios em áreas rurais do Paraná
Estudo técnico-científico realizado pela Embrapa e parceiros mostra perda alarmante de nascentes e assoreamento de rios na região rural da Bacia Hidrográfica Paraná III (BHP III), localizada a oeste do estado.
As análises consideraram caracterização de solos e clima, vegetação fluvial, geologia e processos erosivos, entre outros, e resultaram na publicação Anais da 1ª Reunião de Correlação e Classificação de Solos e Vegetação Fluvial (RCCSV). Com mais de dez artigos, o documento traz um capítulo com indicativos inéditos para orientar políticas públicas e tomadas de decisão voltadas, principalmente, ao uso de práticas mais sustentáveis de manejo do solo, vegetação e água na região.
Participaram do estudo a Embrapa Florestas (PR), a Embrapa Soja (PR) e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), com patrocínio da Itaipu Binacional e do governo do estado do Paraná, além do apoio técnico da Universidade Federal de Lavras (Ufla), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Instituto Água e Terra (IAT) e Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento (Faped).
Segundo a pesquisadora da Embrapa Florestas Annete Bonnet, que fez parte do grupo coordenador da publicação, os resultados demonstram a necessidade da gestão mais integrada dos recursos naturais e o desenvolvimento premente de ações que harmonizem a produção agropecuária e a preservação ambiental.
A perda de nascentes e o assoreamento de rios são provocados, entre outros fatores, por práticas de manejo inadequadas aplicadas à agropecuária, urbanização desordenada e desmatamento. Essas constatações tiveram como base os resultados do PronaSolos Paraná (levantamento dos solos paranaenses) e do projeto Ação Integrada de Solo e Água (AISA), além de apurações de pesquisas desenvolvidas pela Embrapa Soja e o IDR-PR.
A erosão do solo, por exemplo, não degrada apenas a terra, mas também compromete a qualidade da água dos rios e lagos. De acordo com o pesquisador da Embrapa Florestas Gustavo Curcio, que também é um dos coordenadores do RCCSV, um cenário de aumento da escassez hídrica impactaria profundamente a sustentabilidade dos ecossistemas e a qualidade de vida das populações, bem como as atividades de produção agrícola, um dos pilares da economia do estado.
O estudo apresenta os principais desafios para o manejo sustentável dos solos na região, como a erosão, a compactação e a perda de matéria orgânica. Mas, paralelamente, apresenta oportunidades para melhorar as práticas agrícolas e aumentar a produtividade de forma sustentável. O plantio direto, a rotação de culturas com o emprego de práticas agronômicas, o uso de coberturas vegetais e o manejo integrado de pragas e doenças são algumas das práticas que contribuem para a melhoria da qualidade do solo e a redução dos impactos ambientais.
Valdemar Bernardo Jorge, secretário de estado de Desenvolvimento Sustentável do Paraná, e um dos integrantes do grupo técnico, exalta os resultados trazidos pela publicação. “Esperamos que esse documento seja uma fonte de conhecimento e de inspiração para todos os que se interessam pelo desenvolvimento sustentável da BHP III, contribuindo para a valorização e a proteção dessa região que é uma das principais propulsoras econômicas do estado do Paraná”, afirma o secretário.
Fonte: Sou Agro
Foto: Marcelo Uliana