23/04/2024 06:03 |
Abate de aves, suínos e pequenos animais é 2º setor mais afetado por acidentes de trabalho no PR
Foram quase 3 mil ocorrências em 2022, dado mais recente disponível na plataforma SmartLab. Ministério Público esbarra ainda na subnotificação de casos de trabalhadores não registrados.

Os dados mais recentes do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho (SmartLab) revelam que o Paraná registrou cerca de 44.800 acidentes de trabalho em 2022.

A plataforma, criada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), indica que o segundo setor mais afetado pelos acidentes está diretamente ligado ao agronegócio: o abate de aves, suínos e pequenos animais.

O setor foi responsável por 2.961 ocorrências em 2022 e só ficou atrás do segmento de atendimento hospitalar. As lesões mais frequentes, segundo o levantamento, são cortes, lacerações e esmagamentos.

Conforme o observatório, em dez anos, houve mais de 28.800 acidentes de trabalho durante o abate de aves, suínos e pequenos animais.

Porém, o MPT estima haver ao menos 14,5% de subnotificações, já que os dados consideram apenas comunicações de acidentes de trabalho (CAT) ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), não abrangendo acidentes e mortes de trabalhadores sem carteira assinada.

Em 2024, o Abril Verde, movimento dedicado a conscientizar e prevenir doenças e acidentes relacionados ao trabalho, completa 10 anos.

O procurador do Trabalho André Vinícius Melatti ressalta que os movimentos repetitivos executados pelos trabalhadores tendem a causar problemas a longo prazo, como Lesão por Esforço Repetitivo (LER/DORT) e lembra da importância de seguir as recomendações das normas criadas especificamente para frigoríficos, como a exigência de pausas o rodízio de funções.

As particularidades do campo
Por muitos anos os produtores rurais não se viram representados nas normas regulamentadoras que protegem a segurança e a saúde dos profissionais, já que o trabalho rural possui singularidades em relação às atividades urbanas.

A virada de chave aconteceu em 2005, com a publicação da Norma Regulamentadora 31, publicada pelo Ministério do Trabalho, focada na segurança e saúde do trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura. 

Desde então, o documento passou por várias alterações. A mudança considerada mais expressiva desde a criação da norma entrou em vigor em outubro de 2021, com a criação do Programa de Gerenciamento de Riscos no Trabalho Rural (PGRTR), capaz de identificar os eventuais riscos e perigos ocupacionais, bem como traçar medidas para tornar o ambiente de trabalho mais seguro.

“O que percebo, na prática, é que o PGRTR indica riscos e prazos, mas ninguém lê. Acham que é só fazer o documento e então não precisa fazer mais nada. O documento fica guardado na gaveta, ninguém implementa, só quando acontece algum acidente é que vão descobrir quais eram as medidas necessárias”, lamenta o procurador.

A atualização mais recente da norma foi publicada em março deste ano, com o direito de recusa. Na prática, o trabalhador pode se recusar a permanecer em uma determinada atividade que ofereça risco à saúde ou integridade física até que as medidas corretivas sejam implementadas.

Por que os acidentes acontecem?

Embora cada atividade tenha suas especificidades, os especialistas ouvidos pelo g1 entendem que o fator humano ainda é um dos principais motivos por trás dos acidentes.

“Existem equipamentos em má condição ou com falta de manutenção, mas geralmente a atitude é a causadora do acidente, o excesso de confiança, ‘sempre fiz assim", afirma Néder Maciel Corso, Engenheiro de Segurança do Trabalho e técnico do Sistema FAEP/SENAR.

De acordo com o técnico, a demanda por treinamentos tem aumentado bastante nos últimos 10 anos. No ano passado, a organização realizou mais de 1.500 capacitações voltadas à saúde e segurança do trabalho, com destaque para os cursos de primeiros socorros e aplicação de agrotóxicos.

Ricardo Demetrechen, instrutor técnico e responsável pela equipe de instrutores da regional Campos Gerais do Sesi PR, relata que muitos acidentes acontecem por falta de capacitação e orientação do trabalhador.

"Às vezes adquiriu conhecimento empírico, com o avô ou o pai, ‘sempre foi desse jeito, nunca aconteceu nada’, tem uma bagagem que para ele seria normal, mas que para fins de segurança do trabalho não são". cita.

Por outro lado, o o instrutor cita casos em que acidentes acontecem com profissionais com conhecimento, mas excesso de confiança: "Têm os dois extremos, quem tem bagagem grande se acidenta, quem não tem também se acidenta".

Além da segurança
O instrutor técnico do Sistema Fiep defende que as capacitações abrem o horizonte dos trabalhadores, mas que, devido às constantes mudanças no agronegócio e da necessidade de se manter atualizado, ele vem registrando que, atualmente, muitos trabalhadores já chegam nos treinamentos melhor informados.

“Eu como instrutor não chego mais com novidades, o aluno já chega questionando”, diz.

ustamente por isso, as capacitações não podem ser “mais do mesmo”. Na organização, os cursos são customizados para que atendam às demandas da propriedade rural ou agroindústria e reflitam a realidade dos profissionais.

“Tem que priorizar que pelo menos metade da carga horária seja prática, levamos o máximo possível para a prática”, explica Néder.



Fonte: G1 Paraná
Foto: Freepik
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